De um lugar secreto

Em viagem relâmpago estou em Maubisse. Virado para Sul observo o canal da Austrália que acaba num azul intenso e profundo. À minha direita a linha do horizonte une os céus e a terra no alto da Flecha. À minha esquerda tento adivinhar o que está para além do Turiscai (hoje sem Graça!), paisagem sempre bela e acidentada. Mas estou com pressa para chegar a Hato Bilico antes da noite cair. Quem já falou em Manumera?! Quem não tem slydes de Manumera? E fotos posando com trajes típicos, coroado de luas e diademas como reis tomando posse de um reino ainda em estado puro, um Éden ainda sem pecado original?! É daí que os meus olhos contemplam a cordilheira do Ramelau e tentam adivinhar onde era a gruta que escondia o Régulo Aleixo até que a traição o entregou aos invasores. O cabo António sempre rememorava essa história de heroísmo e de infelicidade, história que em demasia se tem repetido até hoje, que contou até com novos invasores ... e, quem sabe, ainda que de forma inconsciente, tem gerado novas traições, vinganças e tão infaustos e condenáveis acontecimentos! ...
Como prometi vou para Hato Bilico. Acordar e levantar muito cedo. O Tata espera-me! O Deus da montanha tem lá o seu trono. E já lá em cima, no ponto mais alto, por momentos sou o Senhor do Sol que eu fiz acordar lá muito em baixo por entre um mar de nuvens intensamente cinzentas que escondem outros mares e outras nuvens de que também sou o Senhor ...e das montanhas que ainda carregadas de pesadas sombras ali jazem aos meus pés. Sublime! É o encantamento! Desço ao planeta dos homens mas aquele reino encantado vai perdurar em mim Luganum lugar secreto que até então eu desconhecia!